Em todo relacionamento, há concessões. Afinal, nenhuma convivência é feita apenas de afinidades e momentos bons. Porém, existe uma linha tênue entre ceder e se anular, entre ser paciente e ser permissivo.É nesse ponto que a reflexão sobre o que você tolera dentro do seu relacionamento se torna essencial. Muitas vezes, sem perceber, estamos permitindo atitudes, palavras e comportamentos que silenciosamente moldam a dinâmica da relação – e não necessariamente para melhor.

Pequenas concessões que se tornam padrões

Tudo começa de forma sutil. Você releva uma grosseria porque o outro estava “num dia ruim”. Depois, aceita um ciúmes desproporcional como “prova de amor”. Em seguida, deixa de sair com amigos para evitar brigas, ou evita falar sobre certos assuntos para não “causar”. Quando você percebe, está preso em uma relação onde suas vontades, necessidades e até valores foram sendo colocados de lado em nome de uma harmonia ilusória.

Esse ciclo de tolerância constante estabelece um padrão. A outra pessoa aprende que pode ultrapassar limites porque você não reage. Ela entende que certas atitudes são aceitas, mesmo que não sejam respeitosas. E, assim, o relacionamento vai sendo moldado não pelo diálogo e pelo respeito mútuo, mas pela capacidade de um lado se sobrepor ao outro.

Tolerar tudo não é amar

Muitas pessoas confundem amor com sacrifício. Pensam que para manter a relação funcionando, é preciso aguentar tudo em silêncio. Mas o amor verdadeiro não exige que você se anule. Pelo contrário: ele floresce quando há espaço para os dois serem quem são, quando há liberdade para expressar sentimentos, vontades e frustrações sem medo de punições emocionais.

Tolerar desrespeito, descaso, infidelidade ou manipulação não é um sinal de maturidade ou comprometimento — é um alerta vermelho. Relacionamentos saudáveis se baseiam em reciprocidade, e isso inclui respeito aos limites individuais. Se você precisa abrir mão de quem é para manter alguém por perto, esse preço é alto demais.

O papel da comunicação

Uma das formas mais eficazes de impedir que a tolerância se transforme em submissão é a comunicação clara. Estabelecer desde o início o que é inegociável para você — respeito, lealdade, autonomia, por exemplo — ajuda a construir uma base sólida. Quando algo incomoda, deve ser dito. Silenciar, na esperança de que a outra pessoa perceba sozinha, muitas vezes só prolonga o problema.

É preciso coragem para falar, mas também é preciso maturidade para ouvir. Relacionamentos moldados pelo diálogo crescem. Os moldados pelo medo ou pela passividade apodrecem com o tempo.

Autoestima e tolerância

Muitas vezes, o que você tolera em um relacionamento está diretamente ligado à sua autoestima. Quando você acredita que não merece algo melhor, aceita migalhas como se fossem banquetes. A carência afetiva pode fazer com que qualquer atenção pareça amor, e isso cria uma vulnerabilidade perigosa. Trabalhar a sua autoestima é fundamental para aprender a colocar limites saudáveis, dizer não quando necessário e não aceitar menos do que aquilo que você realmente deseja.

Moldando um relacionamento saudável

Ao refletir sobre o que você tem tolerado, talvez perceba que está ensinando a outra pessoa a te amar da forma errada. Mas a boa notícia é que nunca é tarde para redesenhar os limites, reavaliar o que você deseja de um relacionamento e comunicar isso com clareza.

Relacionamentos são construídos diariamente, e essa construção depende do que cada um está disposto a aceitar, a ceder e a recusar. Moldar um relacionamento saudável não é sobre suportar tudo, e sim sobre escolher, juntos, o que faz sentido para ambos, sem que nenhum dos dois precise se perder no caminho.  Sugar daddy

Lembre-se: o que você tolera hoje pode se tornar a regra amanhã. E se essa regra não te faz feliz, talvez seja hora de reformular o jogo. Escolher não tolerar certas coisas não é sinal de fraqueza ou frieza – é uma prova de amor-próprio. E toda relação saudável começa aí.

Fonte: Izabelly Mendes.

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