Vivemos na era da imagem. A cada rolar de tela, somos bombardeados por fotos de sorrisos perfeitos, viagens dos sonhos, relacionamentos cinematográficos e conquistas profissionais.As redes sociais, inicialmente criadas para aproximar pessoas, tornaram-se vitrines cuidadosamente editadas onde cada um exibe o melhor de si — ou, pelo menos, o que deseja que os outros vejam. Nesse cenário, surge um fenômeno silencioso, porém devastador: as comparações digitais que geram frustrações reais.

Comparar-se é algo humano. Desde cedo, somos ensinados a nos espelhar nos outros como forma de aprendizado e crescimento. O problema começa quando essa comparação deixa de ser saudável e se torna uma constante cobrança interna. Ao observarmos apenas os momentos felizes e os sucessos alheios nas redes sociais, é comum sentirmos que nossa vida está aquém, que não estamos no lugar certo, que estamos ficando para trás. E isso acontece mesmo sem que tenhamos consciência do quanto essa percepção pode ser distorcida.

As redes sociais funcionam como um palco. Ninguém posta as noites de insônia, as crises existenciais ou os momentos de insegurança. O que vemos são apenas os destaques, os recortes cuidadosamente escolhidos de uma realidade muitas vezes cheia de imperfeições nos bastidores. Ainda assim, insistimos em comparar os nossos bastidores com o palco iluminado dos outros. Resultado? Sentimentos de insuficiência, ansiedade, tristeza e até depressão.

Essas comparações digitais são ainda mais cruéis porque muitas vezes envolvem pessoas próximas: colegas da escola, familiares, ex-parceiros. Ver alguém que conhecemos vivendo algo que desejamos pode potencializar a sensação de fracasso pessoal. “Por que ele conseguiu e eu não?” “Por que a vida dela parece tão perfeita?” Esse tipo de pensamento nos aprisiona em um ciclo de autodepreciação, onde nossa autoestima é alimentada por validações externas e números — curtidas, seguidores, comentários.

Outro ponto importante é que essas frustrações digitais impactam diretamente nossa relação com o tempo e com nossas próprias conquistas. Ao nos compararmos com os outros, desvalorizamos o nosso próprio processo. Deixamos de reconhecer o quanto já caminhamos porque estamos obcecados com onde os outros chegaram. Ignoramos contextos, oportunidades e dificuldades que são únicas em cada trajetória. A comparação, nesse sentido, nos desconecta de nós mesmos.

Além disso, a busca incessante por aprovação digital — seja por meio de curtidas ou da necessidade de “postar para provar” — cria um ciclo de ansiedade constante. Postamos esperando retorno. Se ele não vem, nos frustramos. Se vem, ficamos eufóricos, mas apenas até o próximo post. E assim seguimos, em uma montanha-russa emocional que depende do olhar dos outros para nos sentirmos válidos.

A solução para esse cenário não está em abandonar as redes sociais, mas em aprender a usá-las de forma mais consciente. Filtrar o conteúdo que consumimos, seguir perfis que inspiram de forma realista e, principalmente, lembrar que ninguém vive 24 horas de perfeição. Entender que cada pessoa tem seu tempo e sua história é essencial para fortalecer a autoestima e sair do ciclo das comparações.

É fundamental também praticar o autoconhecimento. Quanto mais nos conhecemos, menos dependemos de parâmetros externos para nos validar. Passamos a entender que sucesso tem diferentes formas e que felicidade verdadeira não se mede por um feed colorido, mas sim por aquilo que sentimos longe das câmeras.

Comparações digitais sempre existirão, mas é preciso questionar o quanto estamos nos deixando afetar por elas. O que vemos online é apenas uma parte — e, muitas vezes, a parte mais superficial — da vida das pessoas. Não permita que o brilho artificial das redes apague o valor da sua própria jornada.   photoacompanhantes

No fim das contas, a verdadeira paz não está em ter mais, aparecer mais ou parecer mais feliz. Está em ser você, no seu tempo, com suas imperfeições, dores, alegrias e conquistas. Desconectar-se das comparações é o primeiro passo para se reconectar com a própria verdade.

Fonte: Izabelly Mendes.

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