Quatro distribuidoras de bebidas serão investigadas pela polícia após a contaminação de bebidas alcoólicas com metanol em São Paulo, afirmou Fabíola de Oliveira Alves, delegada divisionária da Saúde Pública do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania, em entrevista ao UOL News, do Canal UOL.
“Já identificamos quatro distribuidoras que forneceram bebidas para esse local em que a moça consumiu caipirinha e teve problema na visão. É um início muito importante para nós.”
“Faremos diligências o mais rápido possível nessas distribuidoras para comprovação de onde elas compraram e adquiriram essas bebidas.”
– Fabíola de Oliveira Alves, delegada
Pelo menos cinco pessoas morreram após consumirem bebidas com a substância. O caso mobiliza órgãos de saúde e polícia para rastrear a origem das bebidas e evitar novos casos, com investigações em bairros da capital e cidades da região metropolitana.
A delegada não descarta a possibilidade da contaminação ter sido intencional.
“Na esfera criminal, nós trabalhamos com o dolo e a culpa. Como estamos só no início da investigação, seria muito prematuro dizer que houve uma culpa do fabricante, do distribuidor ou que foi uma ação intencional.”
“Eu particularmente entendo ser difícil, nesse tipo de contaminação, dizer que a pessoa não sabe o que está fazendo ou as consequências que isso pode gerar para o ser humano. Trabalhamos, sim, com a ideia e com a possibilidade de uma ação dolosa, intencional e também culposa, quando não são atendidos os requisitos de prudência, de ser negligente na produção e na distribuição da bebida.”
Fabíola de Oliveira Alves, delegada
A delegada explica que o metanol é uma substância industrial e não pode ser usada em bebidas para consumo humano, tornando a contaminação especialmente grave e rara nos seus quase 30 anos de carreira.
“O metanol é uma substância utilizada por indústrias químicas. Ele é utilizado para preparação de solventes e de lavagem de tanques, mas não deveria ou não pode ser utilizado em empresas que fabricam bebidas alcoólicas e que vão para o consumo do ser humano.”
Fabíola de Oliveira Alves, delegada
Fabíola avalia que o padrão de distribuição dos casos dificulta a investigação e reforça a necessidade de rastreamento rigoroso.
“Causa-nos estranheza o fato de que as contaminações se deram em bairros diferentes da capital. Isso é um fator que dificulta a nossa investigação, mas estamos empenhados não apenas nessa identificação das distribuidoras e das fabricantes, como também de rastreamento dos lotes de bebidas.”
Fabíola de Oliveira Alves, delegada
Sobre possíveis vínculos com organizações criminosas, a delegada afirma que não há, até o momento, relação comprovada com grupos como o PCC.
“Hoje eu conversei com o diretor do Deic [Departamento Estadual de Investigações Criminais] que foi o responsável por essa prisão no interior do estado, e a princípio realmente não há qualquer vínculo desses fatos com organizações criminosas. Nossa primeira preocupação, além da retirada dessas bebidas contaminadas de mercado, é justamente identificar as distribuidoras que repassaram essas bebidas para os comércios e depois identificar de quem essas distribuidoras adquiriram.”
Fabíola de Oliveira Alves, delegada
Por fim, Fabíola relata o ineditismo do caso, contrastando com adulterações comuns que envolvem apenas troca de conteúdo, e reforça o esforço conjunto para identificar a cadeia de produção e distribuição das bebidas contaminadas.
“Eu assumi essa investigação ontem. Nossa Divisão da Saúde Pública sempre combateu a falsificação, que é comum, de rótulos e embalagens. O que é comum? Alguém inserir uma bebida alcoólica, um destilado de péssima qualidade, em uma garrafa de melhor qualidade, mais cara. induzindo o consumidor ao erro quanto ao conteúdo.”
“Sinceramente, tenho quase 30 anos de profissão e é a primeira vez que vejo a contaminação de bebida distribuída aos consumidores por metanol.”
Fabíola de Oliveira Alves, delegada
“Agora, eles votaram a urgência e pautaram a votação para amanhã, mas o relator da matéria continua a dizer que há um apoio fechado à isenção, mas não em relação às compensações. E as compensações que o projeto contém poderão ser derrubadas por votação do plenário. É essa questão que envolve a tramitação dessa matéria muito importante.”
Renan Calheiros, senador (MDB-AL)
“Como chegamos até aqui foi por discurso demagógico mesmo. As questões são colocadas de uma maneira às vezes muito simplificada e levam a opções deletérias. Havia o discurso a favor do financiamento público da eleição. Custa dinheiro levar a urna e garantir a segurança dela, montar a estrutura… Tudo isso custa dinheiro. Para haver democracia, deve-se investir também na eleição.”
Daniela Lima, colunista do UOL
